O Processo Nardes, numa parceria com
a Ufrgs, mais exatamente com o Colégio de Aplicação, mantem no Campus do Vale um curso regular de
Teoria Musical que acredito ser o único no Estado funcionando nestes termos; a
prática é derivada de uma compreensão epstemológica do que é Música. No último
semestre, abrimos 30 vagas e recebemos mais de 500 inscrições, de gente das
graduações, de alunos do Aplicação, de pessoas da Federal de Santa Maria e de
Pelotas e até uma menina de Ijuí, que não veio porque Ijuí é longe pacas de
Porto Alegre..
Me
impressiona sobretudo dois aspectos do
perfil e interesse destes inscritos – só conseguimos atender os 30 que
prometemos, por falta de espaço e logística de tempo. O primeiro aspecto é que
existe uma demanda imensa por educação musical. Alunos de 12 anos e alunos de
70, universitários e gente já formada e gente de pouca instrução, gente com
grana e sem grana – o curso funciona com uma contribuição de 10 reais/mês, que
fica com o Aplicação para uso geral da escola; o Processo ministra este curso
sem ganho algum – enfim, não existe um perfil definido de aluno mas sim, creio
eu, um interesse comum em aprender.
O
segundo aspecto que me chama a atenção é que alunos que já fizeram aula de
Música antes de tomar conhecimento do Processo se impressionam muito mais com
as aulas do que aqueles que nunca tiveram nenhuma instrução prévia em Música.
Me pergunto então; não deveria ser o contrario? Aqueles que já têm algum
conhecimento deveriam entender mais rápido o que digo, ensino e demonstro não
é? E os leigos, os néscios, os que se
iniciam na Música pelas mãos do Processo é que deveriam não digo nem se
deslumbrar mas demonstrar surpresa ou aquele olhar brilhante de quem está
finalmente entendendo alguma coisa importante e até aquele momento
desconhecida. Por estranho que pareça, não é isso que acontece, não.
Para quem parte do zero absoluto tudo é
normal; os alunos iniciantes se impressionam sim, mas não com os Protocolos de
Acento – nome de um de nossos três eixos de exercício – mas com a percepção de
que a Música está acontecendo em suas mentes e que aquilo que eles querem
aprender lhes está sendo ensinado; aprender o fazer musical. Já os que chegaram
até nós depois de uma instrução prévia, em 100% das vezes ficam primeiro
desconfiados, e conforme lhes ensino e desenvolvo os primeiros exercicios, por
força das evidências demonstradas em aula, começam a me dar um pouco de
crédito, e depois vem o que os alunos veteranos do Processo chamam de ressaca; o
momento em que o aluno começa a pensar no porque tais e tais professores não
lhes ensinaram isso e aquilo, e porque não lhes disseram que era assim tão mais
fácil, tão mais simples, e porque tais e tais professores contaram tantas
mentiras e distorções em vez de simplesmente admitirem que não sabiam explicar
ou, como realmente é muito comum no meio musical, por que o professor não disse
que sabia fazer mas que não sabia explicar.
Em
termos de conhecimento objetivo, verificavel, o saber fazer não é saber, isso
porque para mim, Sérgio Nardes, se cada aluno não for capaz de replicar o que
sabe, isso significa que fracassei como professor; só se professa aquilo que se
acredita, e só se acredita naquilo que se sabe, ou não? ou alguém aí acredita
em algo que não sabe? Pois é... O aluno é alguém especial, o aluno que está
querendo, se dispondo e se colocando em minhas mãos para aprender Música é um
tesouro, é uma jóia, é uma força querendo se manifestar, o aluno de Música,
para mim, é a coisa mais importante do mundo, e ensinar Música é o que dá sentido
a minha vida, e não entendo a falta de paixão destes professores que em vez de
colegas, de outros musicistas com eles mesmos, formam copiadores, formam macaquinhos
que repetem e repetem e repetem, sem nunca serem sabedores, senhores do fazer
musical que lá atrás, no seu primeiro movimento de procurar aula, queriam ser.
A
estes professores, quero dizer que a culpa é SEMPRE de vocês. O aluno nunca é
culpado, e se ele – o aluno - levanta a bunda sai de casa para ter aula, só
isso, somente este pequeno movimento, este pequeno empenho de energia, isso é
tudo o que é preciso para fazê-lo aprender. Vou repetir para que não haja
dúvida sobre a minha posição; o mau aluno é sempre culpa do seu professor,
sempre, sempre, sempre. Alguns professores tentam se defender dizendo que não
dá pra ensinar mais seriamente para um aluno que já chega em aula querendo
tocar esta ou aquela música, ou que o aluno já chega em aula querendo tocar
músicas e não estudar técnica. Mas essa afirmação é de uma estupidez exemplar,
porque pressupoe que o aluno – que chega em aula sem saber o que é música e sem
saber como se aprende e sem saber do que a Música é feita, sem saber nada,
caralho, afinal é por isso que ele está na tua frente querendo aprender! vai
ter mais força de argumento e de vontade do que o professor – que em principio
estudou muitos anos em grande parte das vezes cursou a Universidade, para
decidir o que e como estudar; ora, senhores, falem serio, a verdade é que vocês
são incompetentes e não conseguem ensinar aquilo que nem vocês sabem, simples
assim. As
inscrições para a turma de 2012/1 abrem em meio de fevereiro e a divulgamos
pelos congrads e em todas as listas a que temos acesso; matriculem-se e se
reciclem, antes que os seus alunos batam nas suas portas querendo satisfação e o
dinheiro de volta. Inteligência – e transparência - em Música, já!