Então,
o que fizemos foi o caminho oposto daquele que o pessoal costuma seguir para
musicalizar; em vez de ficar atormentando os pobrezinhos dos alunos, criamos
primeiro uma pulsação fundamental, simples, constante e rápida, e dentro desta
estrutura, que podemos armar, organizar em fórmulas de acentuação pares ou
ímpares, é sobre esta estrutura que colocamos, que encaixamos, que, enfim,
executamos nossa entonação. O de sempre com batatas, o ritmo antes, sempre, e
sempre pensando em padrões de acentuação, e a entonação construída, sempre,
sobre os pilares da escala, exercitando a todo o momento o acesso randômico
entre quaisquer graus de uma escala dada qualquer. Começamos com muitas
pulsações em cada nota, e subimos e descemos a escala, a cada volta deixando um
pouco mais rápido, um tantinho a menos de espaço a cada volta, até que ao fim
acontece aquele fenômeno que reconheço, impressiona sempre, todos com um ataque
rápido, leve e o volume do grupo alto e claro, afinado e estável. Sempre é bom
deixar claro que não tem mistério algum, apenas um entendimento do ritmo como
organizador do discurso musical – organizador aqui enquanto modelo e
padronizador de estudo – cronologicamente, fenomenologicamente anterior ao da
entonação e estruturalmente mais constante; trocamos de notas e mesmo de
tonalidade com muito mais frequência do que trocamos de ritmo ou andamento, e
por sua própria natureza, o ritmo prescinde de exatidão a mais possível, dado
que podemos fazer constantes ajustes enquanto o executamos. A entonação por sua
vez varia o tempo todo, salvo notas pedais longas (o piano tem um pedalzinho
que quando pisado faz o som das teclas durar um tempão. Quando não pisamos o
pedal este, o som para assim que tiramos o dedo da tecla, daí quando temos uma
nota beeem longa dizemos que é nota pedal, porque dura muitissíssimo mais que o
normal). Qualquer estudo de música que coloque a afinação antes do ritmo –
entre os estudantes de violino esse erro é infelizmente quase uma praga - invariavelmente fica com uma pulsação que
parece toda retalhada, cheia de pequenos atrasos e ataques duros, mostrando
todas as emendas que o musicista não conseguiu aprender corretamente e ficou
sem a emenda rítmica que dá ao nosso ouvido a fluência agradável tanto gostamos
a reconhecemos nos grandes artistas que ouvimos. De resto pessoal, praticar as
combinações propostas em aula e aproveitar
todo tempo livre para praticar as escalinhas nos ritmozinhos que o tio
Sérgio ensina.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Resumo de aula 2 de maio
Resumo de aula 2 de maio
Vamos pegar lá de longe, de semanas
e semanas passadas, e falar sobre as claves. Como vimos em aula, as claves são
os sinais que aparecem bem no começo de cada pentagrama. Eles são o primeiro
símbolo que lemos por uma razão muito importante; a clave é que determina o
nome das notas em cada uma das cinco linhas do pentagrama, e toda a nossa
leitura tonal depende antes de tudo de sabermos onde estão as notas que vamos
ler. Por que existem claves diferentes e não apenas uma? Não seria mais fácil
que todos os instrumentos lessem sempre a mesma clave, com todo mundo feliz da
vida? Sim e não, pra ser honesto com vocês. Sim por que realmente, seria uma
coisa a menos para se ocupar, mas mesmo isso, de ser ou não preciso aprender
mais de uma clave, é uma questão que quando pensada seriamente deixa de ter
importância, porque pensando bem, aprendermos a clave de Sol, e a de Fá e a de
Do não demora mais do que uns dois dias de prática, principalmente se estudarmos
as três desde o começo, portanto essa história de não sei ler na de sol, ou não
sei bem a de dó, no fundo é desculpa de aluno sem curiosidade, falha tremenda no
estudo da música. E não, não é mais fácil uma clave apenas para todos os instrumentos
porque dessa maneira haveria linhas suplementares, aquelas que desenhamos os
risquinhos, quando acaba os pentagrama. Vou explicar; se pensarmos na clave de
sol são 5 linhas e 4 espaços, e na primeira linha é a nota mi, certo? O mi
seguinte, indo para o agudo, é o mi do último espaço, ainda dentro do
pentagrama, estás acompanhando?, pois é, tem o fá na última linha ainda, mas
mesmo juntando ele, podemos dizer que DENTRO do pentagrama e partindo de mi,
temos uma 8ª e mais uma segunda. Quer dizer, é uma gama de notas muito curta,
muito pequena, com apenas uma 8ª, o que limita muito compor, escrever, calcular
música. Os instrumentos musicais têm mais de uma 8ª – se pensarmos no piano,
ele tem 7! – e literalmente, a soma de todas as notas que estes instrumentos
executam não cabem dentro de um pentagrama. Por isso é que existem as linhas
suplementares onde, quando preciso, meio que aumentamos o tamanho da pauta,
para cima ou para baixo. O Problema é que lá nos tempos de antigamente não
existia fotocópia e o troço era feito na mão grande mesmo. Tinha uns caras que
viviam só de copiar música. É natural então pensarmos que ao escrever eles não
gastassem tempo a toa, né? Então criar uma clave onde as notas mais centrais do
instrumento fiquem dentro do pentagrama já é uma baita ganho de tempo, porque
para o copista dá menos trabalho – muito menos – aprender 6 claves diferentes –
a de dó é móvel – mas aprender isso apenas uma vez do que passar a vida toda
usando uma só clave mas gastando os dedo até o toco de tanto fazer linha
suplementar. Vejam. Não estou com isso explicando como estas claves surgiram,
que isso é uma outra história, mas sim
dando uma explicação sintética do porque elas se sedimentaram como símbolos,
como representação pictográfica de estruturas matemáticas de organização do
fenômeno sonoro em nosso cérebro; basicamente, porque claves diferentes tornam
escrever e ler música mais fácil e mais rápido.
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