Então,
o que fizemos foi o caminho oposto daquele que o pessoal costuma seguir para
musicalizar; em vez de ficar atormentando os pobrezinhos dos alunos, criamos
primeiro uma pulsação fundamental, simples, constante e rápida, e dentro desta
estrutura, que podemos armar, organizar em fórmulas de acentuação pares ou
ímpares, é sobre esta estrutura que colocamos, que encaixamos, que, enfim,
executamos nossa entonação. O de sempre com batatas, o ritmo antes, sempre, e
sempre pensando em padrões de acentuação, e a entonação construída, sempre,
sobre os pilares da escala, exercitando a todo o momento o acesso randômico
entre quaisquer graus de uma escala dada qualquer. Começamos com muitas
pulsações em cada nota, e subimos e descemos a escala, a cada volta deixando um
pouco mais rápido, um tantinho a menos de espaço a cada volta, até que ao fim
acontece aquele fenômeno que reconheço, impressiona sempre, todos com um ataque
rápido, leve e o volume do grupo alto e claro, afinado e estável. Sempre é bom
deixar claro que não tem mistério algum, apenas um entendimento do ritmo como
organizador do discurso musical – organizador aqui enquanto modelo e
padronizador de estudo – cronologicamente, fenomenologicamente anterior ao da
entonação e estruturalmente mais constante; trocamos de notas e mesmo de
tonalidade com muito mais frequência do que trocamos de ritmo ou andamento, e
por sua própria natureza, o ritmo prescinde de exatidão a mais possível, dado
que podemos fazer constantes ajustes enquanto o executamos. A entonação por sua
vez varia o tempo todo, salvo notas pedais longas (o piano tem um pedalzinho
que quando pisado faz o som das teclas durar um tempão. Quando não pisamos o
pedal este, o som para assim que tiramos o dedo da tecla, daí quando temos uma
nota beeem longa dizemos que é nota pedal, porque dura muitissíssimo mais que o
normal). Qualquer estudo de música que coloque a afinação antes do ritmo –
entre os estudantes de violino esse erro é infelizmente quase uma praga - invariavelmente fica com uma pulsação que
parece toda retalhada, cheia de pequenos atrasos e ataques duros, mostrando
todas as emendas que o musicista não conseguiu aprender corretamente e ficou
sem a emenda rítmica que dá ao nosso ouvido a fluência agradável tanto gostamos
a reconhecemos nos grandes artistas que ouvimos. De resto pessoal, praticar as
combinações propostas em aula e aproveitar
todo tempo livre para praticar as escalinhas nos ritmozinhos que o tio
Sérgio ensina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário