quinta-feira, 5 de abril de 2012

Trabalhar com o que se tem (2)


             Dia 28 de março último, comecei um novo semestre do Curso de Teoria Musical. Os alunos desta nova turma têm um perfil algo diferente dos que cursaram outros semestres, e acho que isso aconteceu porque o curso está no 3º ano consecutivo e evidentemente o tempo é poderosa ferramenta de verificação de resultados e de divulgação destes – a afluência aumenta se o resultado e a divulgação forem positivos – e também porque abri uma turma num lugar mais perto do centro da cidade. Uma outra razão foi que desta vez fiz a divulgação sem ajuda de outros parceiros e deliberadamente enviei emails para instituições diretamente ligadas ao fazer musical, tanto de performance, como foi o caso da OSPA, quanto de educação, e nisto incluí uma serie de escolas, secretarias de educação e de cultura, além de ONG's ligadas de alguma maneira com a educação musical. Entre os alunos tenho cantores de coro – um público que até agora eu não havia conseguido atingir e que é de grande interesse para divulgar o Processo – uma das alunas canta a 27 anos em coral, e é o fim da picada que em quase 3 décadas esta pessoa em nenhum instante tenha caído na mão de um profissional que a ensinasse teoria, ou ao menos a ler música. Pessoas como esta aluna deveriam ganhar uma bolsa de estudo em função do tempo dedicado à música, sobretudo se pensarmos que certamente ela nunca ganhou um centavo para cantar em nenhum dos coros dos quais participou. Regentes de coro neste caso são os burros da vez, porque não se dão conta de que uma pessoa assim, focada e constante mesmo sem instrução formal, multiplicaria por cem o seu próprio resultado e o de outros cantores se fosse ensinada, se fosse instruída, mesmo que sumariamente.
                O regente de coro, grosso modo, pensa como um criador de gado, tratando o cantor como um boi que sempre pode ser substituído - desde que consiga cantar uma escala afinado e bater palmas dentro de uma pulsação, o resto fica de lado. Se eu estiver desatualizado, por favor me contem que terei o maior prazer em divulgar, não só aqui mas com todos os meus alunos e em todos os trabalhos que realizo, mas que eu saiba, só existe um coro em Porto Alegre onde o respectivo regente entende o cantor como um investimento técnico de médio e longo prazo, e não deve ser gratuito que o resultado deste grupo seja tão abissalmente superior a todo o resto da produção vocal da Capital. Fico pensando se o fato deste regente ter-se formado fora da cena de Poa também não ser também parte da questão...
                Tenho entre meus alunos também gente envolvida com o lecionar música, musicistas de 2 décadas de estrada atrás de si, e é explicito, é dado no convívio com essa gente que existe entre eles forte disposição a ajudar o outro, a dividir conhecimento com o outro; o Processo a cada dia que passa se torna mais e mais um modelo viral de disseminação de conhecimento, e já consigo vislumbrar, ao longe mas visível, o momento em que ele se mova, em que ele caminhe sem precisar de mim; o fato de minha divulgação atrair justamente este perfil de aluno/professor me enche de alegria e evidencia, para mim, a matriz viral do Processo. O conhecimento não é propriedade intelectual de ninguém, não é verdade? Infelizmente, em música, o normal é o modelo macaquinho. Com o perdão dos meus primos macacos, o que mais vejo na cena de Poa são professores que ensinam os seus alunos a imitar, a imitar e a imitar ao infinito; é evidente que  neste caso o professor é só um macaco mais velho e mais experimentado na ‘arte’ de imitar. O conhecimento em música que ofereço com o Processo é 100%  matemático –  e portanto verificável – e o que é mais legal, caro leitor, 100% livre.
                Quarta que vem, novamente alegria em meu coração, pontualmente as 13 horas. Forte abraço! 

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