terça-feira, 17 de abril de 2012

Resumo da primeira aula do curso de Teoria, na Casa da Música - 2

Vamos lá 




    A parte dos acordes primeiro. Para mostrar acordes - que em sua concepção mais genérica são formados por 3 ou mais sons - precisamos antes saber montar escalas, e não tem reza e nem santo que te ajude nisso, tem que exercitar portanto não venha com essa história de ficar triste porque não entendeu os acordes; nem fizemos exercícios deles ainda, ora! estou brincando mas tem um fundo de verdade, e o que falei sobre acordes foi com a intenção de fazer uma primeira abordagem do tema e não de realmente esgotar a matéria. Na próxima aula o conteúdo será dissecado, e claro, estou imaginando que o povo está lendo o polígrafo. 
    Bom, repassando, sabemos que as escalas mais usadas são a Maior e a Menor - a Pentatônica, aquela de cinco graus vai entrar mais adiante - cada uma formada por uma padrão misto de tom e semitom entre os seus graus, certo? Estou falando só da Maior e da Menor, não esqueçam. Vamos pensar um pouco; sabemos que uma escala é uma coleção de graus do cromatismo, coleção esta que montamos a partir do padrão de distância que estabelecermos entre estes graus. Em uma escala por tons, por exemplo, usamos um único padrão de distância, que foi o Tom, por isso o nome da escala, entenderam? (!) quando depois estudamos as escalas Maiores, vimos que o padrão pode ser misto, e tanto é assim que é na escala Maior que encontramos semitons entre o 3º e o 4º e entre o 7º e o 8º graus. Padrão misto, taí, ó! tô falando que tem! 
    Na escala Menor também encontramos semitons em 2 lugares, só que não nos mesmos que na escala Maior, lembram? na Menor os semitons estão entre o 2 e o 3º e entre o 5º e o 6º, mas isto todo mundo já aprendeu á muitos séculos atrás, na aula retrasada. 
     Bom, de novidade mesmo, o que tivemos na última aula foi descobrir que não é só no papel que a matemática das escalas funciona; nosso ouvido - entenda-se cérebro - desenvolveu outras maneiras de calcular, e é dessa outra forma que nossa mente organiza e calcula nossa percepção tonal; aquilo que vulgarmente chamamos de capacidade musical. O termo é uma bobagem biológica mas abordo isso em um outro texto. Vimos que o lugar, a nota, o grau que escolhemos como primeiro sempre é o que sonoramente mais atrai nosso ouvido, e para provar isto basta tocar a escala em questão em qualquer instrumento e fica claro, mesmo em crianças menores de 10 anos - pela minha experiência, pelo menos - que as pessoas sabem qual é a nota mais fundamental, aquela que para nosso ouvido resolve a escala, e que é a mesma que para nossa matemática, para nossa lógica da música é o primeiro grau! Vejam que coisa fantástica, mesmo antes de aprender a calcular no papel, nosso cérebro já calcula - com resultados auditivos e não notacionais - nos informando onde é que começa e onde é que termina o padrão de distâncias; isso para mim é algo assombroso. 
    Vocês, com o decorrer do curso e o incremento da capacidade de interagir com os conteúdos, verão que muitas coisas, que muitos fenômenos que iremos estudar e sobre os quais faremos experiências são sensações já familiares a cada um; muitos de vocês já 'ouvem' acordes, trechos de escalas e dissonâncias - acontece até de não se gostar de determinado fenômeno, é muito comum ouvir gente dizendo que não gosta de dissonância, por exemplo - muitos de vocês irão apenas dar nomes e aprender a calcular notacionalmente com fenômenos que já conhecem e reconhecem quando escutam, mesmo não sendo capazes ainda de os nomear e conceituar. É legal ser humano, né?
    Pois é, nosso ouvido nos ajuda a entender o fenômeno sonoro nos mostrando marcas sonoras de atração para cada grau. ja sabemos que o primeiro é o mais fortão de todos, ele é o grau que sempre puxa, feito um ímã sonoro não importando em que grau nós estejamos. O primeiro grau é o mais poderoso de todos os 7. E será deste primeiro grau, do suporte tonal que ele dá ao nosso ouvido que começaremos a encontrar, a desenvolver e praticar, calcular mesmo, todos os outros 6. 

    Não se esqueçam de ler os textos. É uma maneira simples de vocês se inteirarem com o que estamos fazendo no Processo - além de uma mãozona para nos ajudar a crescer. Nossa missão é propor um modelo de aprendizado de música que seja rápido e pleno, sem estilos e nem esoterismo de nenhum tipo, sem aquela conversa de talento e dom. Sem a separação entre cantor e musicista, sem separação entre erudito e popular. Apenas música.

Forte abraço é obrigado por me permitir dividir com vocês o pouco que sei.


Sérgio Nardes

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