terça-feira, 17 de abril de 2012

Resumo da primeira aula do curso de Teoria, na Casa da Música - 1


 Olá, pessoas!Vamos ao resumão.

    Aprendemos que nada no universo é mais importante que o ritmo. Nenhuma, absolutamente nenhuma instrução em música pode começar por outro tópico que não esse, sob o risco de ser um aprendizado apenas escrito ou abstrato mas de modo algum execucional; fazer música é fenomenologicamente, cronologicamente prioritariamente, organizar padrões de som - seja lá de que tipo, notas, palmas, tambor ou tampinhas de garrafa, não importa; "Muitos povos desconhecem a harmonia e os acordes, alguns não possuem nem sequer melodia, mas não existe povo, não existe cultura musical alguma que desconheça o ritmo". Nosso estudo do ritmo começa com exercícios de conscientização dos padrões matemáticos que o organizam, e o tema de casa é macerarmos o nosso pé de chinelo em padrões decrescentes, começando em 8 em cada mão, depois 7 e assim até chegarmos no 1 contra 1. Cuidado para não cometer o erro crasso de diminuir a velocidade das batidas conforme a quantidade delas diminui; o correto é apenas tirar, a cada mudança, uma das batidas, mas sempre com o mesmo andamento. Inverter a ordem do exercício e começar com 1 contra 1 e aumentar as batidas também é um exercício válido.

     Na parte da lógica, aprendemos que o som é formado de vibrações por segundo, vibração esta que vem de algum atrito, de algum contato mecânico entre dois objetos, ou ao menos pela pressão pneumática - de ar - sobre algum objeto. Este é o caso de nossas pregas vocais, por exemplo; quem 'toca' nelas não é uma coisa sólida mas sim o ar de nosso pulmão sendo empurrado, sob pressão de nossa musculatura diafragmática, literalmente, goela acima! o ar faz a prega vocal vibrar - se ela não estivesse presa sairia boca afora e seria um grande problema - e a vibração desloca moléculas de ar que deslocam outras moléculas de ar que por sua vez também deslocam mais outras moléculas de ar, até que este deslocamento de ar - entenda-se o ar feito de moléculas, né? -  chega nas moléculas que estão dentro do nosso ouvidinho, e se a fonte produtora for uma voz bonita, ficamos felizes. Se for uma voz de gralha como a minha, paciência, e pelo preço que está saindo, não reclamem, ora! Podemos medir as frequências pela velocidade de sua vibração, então quanto mais rápida a vibração, mais agudo será o som que ouviremos, e do contrário, quanto mais lenta for a vibração, mais grave o som. Lembrem  que nosso ouvido associa baixas frequências com sons esfarelados, rugosos, e algumas são tão lentas que podemos até contar quantas estamos ouvindo por segundo. Já as agudas são mais rápidas, e aos nossos ouvidos soam como lisas - como a Elisa no andar de cima! Aprendemos que uma vibração resulta na mesma nota se dobrarmos ou dividirmos ela ao meio. Por exemplo, LA é 440 vibrações por segundo, então o 220 será LA também, e o 110, e o 880 e assim por diante e para trás. É com essas referências de medida que começamos a montar o nosso cromatismo, lembram? a quantidade de partes em que dividimos a distância entre essa relação dobro/metade é algo que nosso cérebro constrói muito cedo em nossa vida, por isso que os indianos acham que temos poucas notas dentro de nosso cromatismo e os chineses acham que temos notas demais. A música ocidental, em parte por causa da Renascença e em parte por causa de uma herança da concepção escalar que o cristianismo nos deixou por meio da música litúrgica dos judeus - sim, o troço aqui fica meio complicado mesmo por isso já parei - acabou por nos cristalizar um cromatismo de 12 partes. Mas não vamos ficar tristes, que podemos fazer o diabo com essas 12, inclusive deliberadamente ignora-las, mas vamos caminhar primeiro, né? depois corremos...12 partes e tá tri bom por enquanto.

     Essas 12 notas em que partimos nosso cromatismo constituem nossos tijolinhos com os quais construímos tudo em Música, de Monteverdi passando por Bach até o funk carioca - ficaremos de cabelo em pé com a diversidade de coisa que podemos fazer com essa dúzia de tijolos. Portanto DECOREM ESTA TABELA DO CROMATISMO, para ontem, viu? são 12 notas, algums com 2 nomes, mas apenas 12.
    Para nos movermos dentro desta tabela, para que possamos fazer coisas legais com ela, precisamos usar algumas ferramentas, operadores como chamamos em nosso polígrafo, lembram? O primeiro operador é o de distância. Como é que vamos nos mover dentro desta tabela sem saber o quanto? se eu andar pra a casa do lado, aquela que está bem grudada na casinha onde eu estiver, eu digo que me movi um semitom, lembram do conceito? semitom é a menor distância possível entre 2 notas. casinha do lado! Mas posso também dar um passito maior e pular uma casa, daí tenho um tom de distância. O conceito é; tom é a menor distância possível entre 2 notas aceitando, porém, 1 e somente 1 nota intermediária. O tom pula 1 casa, só isso. O outro operador que usamos é o de sentido;  tom e semitom me dizem o quanto que eu ando, 1 casinha para o lado ou 2 casinhas, onde eu pulo 1 casa. Mas como é que eu decido para que lado eu vou ,ein?? posso ir para a esquerda, para o grave mas também posso ir para a direita, para o agudo. Como decidir, meu deus? simples;
o # - sustenido, não é jogo da velha, parem com isso - o sustenido é o sinal que eleva a altura da nota em um semitom. Não importa onde eu esteja, botei um sustenido na nota e ela imediatamente sobe 1 casinha PARA A DIREITA, PARA O AGUDO!
    Quando, porém, entretanto, outrossim, coloco um bemol - representado pela letra 'b' escrita em minúscula -  a nota desce a altura em um semitom. Tu viu que o sustenido e o bemol, que esses 2 operadores trabalham sempre com a distância de um semitom? guarda isso aí dentro que pode ser útil depois.
   Sabedores que somos dessas informações vamos adentrar no maravilhoso mundo das escalas. Mas o que é uma escala, caro leitor? Bom, lembra do cromatismo? vamos definir uma escala pelas propriedades mínimas que ela precisa ter.
    Primeiro, é do cromatismo, dos tijolinhos - entenda-se notas - que o cromatismo tem é que tiramos a nossa escala, portanto, podemos afirmar que uma escala é uma coleção de notas do cromatismo, simples assim. O cromatismo nos dá a materia prima para construir escalas; todas as que possamos imaginar e inventar, sempre, serão construídas usando  as notas do nosso cromatismo. Legal, já temos uma propriedade mínima para saber se um conjunto qualquer de notinhas que ouçamos ou toquemos ou escrevemos é ou não uma escala, mas tem outra propriedade que precisamos ter para realmente possuirmos uma escala que nos sirva pra fazer música; ELA TEM QUE COMEÇAR E TERMINAR NA MESMA NOTA. Não vamos nos confundir, pera aí! não é beeem a mesma nota, nós já sabemos disso, e o modo mais correto, mais preciso de definir esta propriedade é dizer que uma escala é uma coleção de graus do cromatismo entre uma nota qualquer que escolhermos e o seu dobro/metade de vibrações.
     Lembram do que vimos na aula? eu parti nota dó e fui subindo, para o agudo, para a direita no cromatismo, sempre me movendo um tom, foi ou não foi? pois então, se esse padrão de distância entre os graus terminar na mesma nota em que começou, isso resulta que nossa escala é perfeita. Ou  esqueceste que eu acabei de dizer que uma escala tem que começar e terminar na mesma nota? se eu começar em dó e me mover um tom de cada vez vai ficar assim: 

 dó -re - mi- fa# - sol# - la# - dó 

entendeu? então pensa comigo; se eu mudar o padrão de distância entre os graus vou ter diferentes tipos de escala. Olha o que acontece se eu andar sempre um tom e um semitom de cada vez - dá pra pensar que pulamos 2 casas, mas eu nã penso assim, não - se eu andar um tom e um semitom, fica desse jeito a minha escala;
 do - mib - fa# - la - do
 chamamos essa escala de diminuta. Mais adiante vamos enteder o que significa diminuto em linguagem musical, espera só.
 Para dominarmos as fórmulas, e também porque essa escala é muito usada em música, tipo, muito mesmo, a próxima escala que iremos fazer é a Maior - dizemos escala Maior. Esta escala está descrita bem detalhadamente no polígrafo, na próxima aula vemos o que resultou a explicação de aula mais a leitura do polígrafo.
 Forte abraço a todos; é um privilégio dividir com vocês o pouco que sei.

 Sérgio Nardes

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