quinta-feira, 12 de abril de 2012

O Processo Nardes em 10 tópicos rápidos





Para quem não está acompanhando o que estamos fazendo no Processo. 


1º - O Processo Nardes ensina música partindo de operadores matemáticos para a organização, cálculo e prática de todos os conteúdos em música. Tudo o que é preciso para saber música pode ser - e na verdade, pelos grandes musicistas realmente o é - entendido, organizado e desenvolvido por meio de ferramentas matemáticas, partindo de conteúdos que prescindem apenas de soma e divisão de números pares menores que 10. Não existe maneira mais simples e efetiva para estudar música. E apesar de pouca gente entender isso, ainda, as músicas que gostamos de ouvir não são outra coisa que combinações matemáticas; o Processo ensina a entender e manipular, calcular estas combinações, e esse "exercício", esta prática matemática não é outra coisa que tocar, compor e ouvir música.   

2º - Não defendemos posições ou orientação estética. Esta palavra entra em nosso discurso de aula e em nossa prática instrumental como possibilidade, como um exemplo do que pode ser feito, como amostragem do que as pessoas realizavam em determinado momento, mas nunca, em hipótese alguma, como um enunciado de certo e errado no fazer musical. Isso tem que acontecer por uma razão muito simples. Estudar  a História da Filosofia não é o mesmo que estudar Filosofia, ainda sabendo que neste caso Filosofia e História têm uma relação siamesa de influência. Mesmo neste caso podemos propor modelos em que se ensine filosofia sem recorrer ao seu processo de formação no tempo. Por outro lado, precisamos realmente saber como era a técnica pianística de um determinado país, dentro de uma determinada década do século XIX, e quais os referenciais técnicos e estéticos, de formação, do compositor da obra, precisamos ainda saber algo sobre os pianos do período, ler resenhas de críticos da época, estudar programas, ler biografias, precisamos isso tudo e na verdade mais do que isso para uma tentativa de realização estética da obra pretendendo reproduzir o que , como resultado final, se escutava quando da composição da obra. Mas para dominar as possibilidades técnicas que contêm aquelas usadas na reprodução de época não podemos ter em mente uma posição tacanha de que a amostragem de determinado período histórico da música deva ter alguma prevalência sobre outro, e essa posição equivocadíssima de misturar técnica com estética fará de nós musicistas incompletos, pouco competitivos e o pior de tudo, nos impedirá de interagir, uns com os outros. Não tem cabimento que ainda se escute falar em musicista que não lê ou o que é ainda mais inacreditável, musicistas que não tocam de ouvido! Queremos que o musicista saiba ao máximo, e este é o nosso filtro pedagógico; dentro do que o estudo matemático e os exercícios de combinação de padrões nos permitem, queremos o que é possível,  em música, saber,  e não o que foi ou é certo, em música, fazer.    

3º  - Formação. Pessoas estão trancando cadeiras na faculdade de música para cumprir o Processo, e na boa, se tem gente fazendo isso - e gente disposta a falar sobre o assunto, inclusive - discutir formação em vez de conteúdo é perda de tempo. As pessoas querem aprender música, simples assim. E entre aprender mais ou citar a formação de seus professores sem aprender elas sempre vão escolher a primeira à segunda, prioritariamente. Pode perguntar para o espelho. 

4º - O Processo Nardes está tentando criar um modelo de ensino de música acessível ao maior número de pessoas possível, sem nos envolver com o que cada um vai fazer com este conhecimento. Nossa proposta é capacitar qualquer pessoa para o exercício e compreensão do fenômeno sonoro, da camada epistemológica, da fenomenologia cinesiológica e equilíbrio durante a prática de instrumento até as fórmulas que tipificam conduções harmônicas e padrões de acentuação e subdivisão rítmica. 

5º - Desde que alfabetizada, uma criança pode cumprir o Processo nos mesmos moldes que um adulto; o Processo não diferencia idades, dado que trabalhamos com categorias matemáticas muito simples e já prontas mesmo em crianças que não leem. Alguém se deu ao trabalho de fazer uma análise métrica das cantigas infantis? a capacidade de cálculo rítmico das crianças - podemos ver até suas limitações de forma e tamanho - é muito evidente em cantigas de roda. É inclusive mais forte para a criança do que sua relação com a métrica da língua; perverte-se o ritmo da palavra como em berro que fica berrô, mas não compromete a divisão do ritmo e sua acentuação.  

6º - Pedagogicamente, entendemos que conhecimento é, no mínimo, crença justificada.  Dentro do estudo da música, partindo de sua postulação e estudo matemático, o que não pode ser explicado é tido como fenômeno, mas não postulado como algo sabido. No Processo, entendemos que o problema mecânico para se obter um vibrato constante na voz, uma palhetada clara na guitarra e controle do equilíbrio do arco do violino é o mesmo. O estudo e resolução deste problema soluciona-o em qualquer dispositivo mecânico que tenhamos em mãos. Por outro lado, não entender abstratamente é perder possibilidades, perder ligações, é perder camadas inteiras do fazer musical, e podemos dizer com orgulho que todos os nosso alunos se interessam por pensar e discutir a música. Ninguém quer ficar de fora da conversa...     

7º - Entendemos que um aluno adiantado no Processo tem que conseguir replicar outro aluno. Por isso, incentivamos enfaticamente que cada aluno tenha também os seus, com o mesmo rigor de justificação e experimento com que ele próprio estuda. Como não achamos que é o ensino de música mas sim o seu exercício o fomentador e produtor de renda  principal, nosso interesse é o de ensinar música ao maior número possível de pessoas e não o de ganhar o máximo possível com o número de pessoas. Muitos dos nossos alunos lecionam até de graça, num entendimento de que o conhecimento musical não deve ser cobrado. 

8º - Nossa divulgação maior é o depoimento de nossos alunos, nosso encontros abertos e nossos cursos de música gratuitos, em Poa e no interior. Somos pessoas de verdade unidas pela vontade e empenho de estudar música seriamente, não só mas também pelo prazer que é estudar música, e que pode ser afiançado por qualquer um de nós que tu encontre na rua.    

9º - Para o Processo, nada é anterior ao fenômeno rítmico

10º - O Objetivo do Professor de música deve ser o de transformar seus alunos em colegas e parceiros, em divulgadores da atividade em música. O professor não deve  mentir sobre o que consegue e não consegue realizar. Mostrar ao aluno onde está o próprio limite de realização mostra que não somente somos honestos mas também que reconhecemos que temos arestas. Deste modo, agindo com seriedade e isonomia, teremos alunos  motivados e disponíveis.

Um comentário:

  1. Oi, será que agora receberás este comentário. Me avisa na aula.

    O livro que comentei é: A MÚSICA NO SEU CÉREBRO - A Ciência de Uma Obsessão Humana.
    Daniel J Levitin

    Abraços!

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